O Enigma

Nada de monumento coberto de elogios. O meu epitáfio será o meu nome, nada mais.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Karunesh - Punjab

terça-feira, novembro 28, 2006


O passado é sombrio, sangue foi derramado, gritos gélidos sufocaram-me.
O futuro é as trevas e das trevas ela virá com a sua foice...criaturas famintas devoram-me todos os dias...estou a extinguir-me na minha essência e contigo vou ter...

Angels

TREVAS

Eu tive um sonho que não era em tudo um sonho
O sol esplêndido extinguira-se, e as estrelas
Vaguejavam escuras pelo espaço eterno,
Sem raios nem roteiro, e a enregelada terra
Girava cega e negrejante no ar sem lua;
Veio e foi-se a manhã - veio e não trouxe o dia;
E os homens esqueceram as paixões, no horror
Dessa desolação; e os corações esfriaram
Numa prece egoísta que implorava luz:
E eles viviam ao redor do fogo; e os tronos,
Os palácios dos reis coroados, as cabanas,
As moradas, enfim, do gênero que fosse,
Em chamas davam luz; cidades consumiam-se
E os homens se juntavam juntos às casas ígneas
Para ainda uma vez olhar o rosto um do outro;
Felizes quanto residiam bem à vistados vulcões e de sua tocha montanhosa;
Expectativa apavorada era a do mundo;
queimavam-se as floresta - mas de hora em hora
Tombavam, desfaziam-se - e, estralando, os troncos
Findavam num estrondo - e tudo era negror.
À luz desesperante a fronte dos humanos
Tinha um aspecto não terreno, se espasmódicos
Neles batiam os clarões; alguns, por terra,
Escondiam chorando os olhos,; apoiavam
Outros o queixo às mãos fechadas, e sorriam;
Muitos corriam para cá e para lá,
Alimentando a pira, e a vista levantavam
Com doida inquietação para o trevoso céu
A mortalha de um mundo extinto; e então de novo
Com maldições olhavam a poeira, e uivavam,
Rangendo os dentes; e aves bravas davam gritos
E cheias de terror voejavam junto ao solo,
Batendo asas inúteis; as mais rudes feras
Chegavam mansas e a tremer; rojavam víboras,
E entrelaçavam-se por entre a multidão,
Silvando, mas sem presas - e eram devoradas.
E fartava-se a Guerra que cessara um tempo,
E qualquer refeição comprava-se com sangue;
E cada um sentava-se isolado e torvo,
Empanturrando-se no escuro; o amor findara;
A terra era uma idéia só - e era a de morte
Imediata e inglória; e se cevava o mal
Da fome em todas as entranhas; e morriam
Os homens, insepultos sua carne e ossos;
Os magros pelos magros eram devorados,
Os cães salteavam os seus donos, exceto um,
Que se mantinha fiel a um corpo, e conservava
Em guarda as bestas e aves e os famintos homens,
Até a fome os levar, ou os que caíam mortos
Atraírem seus dentes; ele não comia,
Mas com um gemido comovente e longo, e um grito
Rápido e desolado, e relambendo a mão
Que já não o agradava em paga - ele morreu.
Finou-se a multidão de fome, aos poucos; dois,
Porém, de uma cidade enorme resistiram,
Dois inimigos, que vieram encontrar-se
Junto às brasas agonizantes de um altar
Onde se haviam empilhado coisas santas
Para um uso profano; eles as revolveram
E trêmulos rasparam, com as mão esqueléticas,
As débeis cinzas, e com um débil assoprar
Para viver um nada, ergueram uma chama
Que não passava de um arremedo; então alcançaram
Os olhos quando ela se fez mais viva, e espiaram
O rosto um do outro - ao ver, gritaram e morreram-
Morreram de sua própria e mútua hediondez,
Sem um reconhecer o outro em cuja fronte
Grafara a fome "diabo". O mundo se esvaziara,
O populoso e forte era um informe massa,
Sem estações nem árvore, erva, homem, vida,
Massa informe de morte - um caos de argila dura.
Pararam lagos, rios, oceanos: nada
Mexia em suas profundezas silenciosas;
Sem marujos, no mar as naus apodreciam,
Caindo os mastros aos pedaços; e, ao caírem,
Dormiam nos abismos sem fazer mareta,
Mortas as ondas, e as marés na sepultura,
Que já findara sua lua senhoril.
Os ventos feneceram no ar inerte, e as nuvens
Tiveram fim; a Escuridão não precisava
De seu auxílio - as Trevas eram o Universo.
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Lord Byron

segunda-feira, novembro 27, 2006

Theatre des Vampires - Lucretia

As lágrimas estão caindo em meu rosto
As lágrimas estão caindo sem ela
Eu provo ainda seu doce perfume
Na chuva sigo meus passos
Eu estou sozinho ao longo de sua sepultura


As lágrimas estão caindo em minha boca,
Em minha pele, em minhas mãos, em sua sepultura
Minha amada,vou seguindo me afastando
O silêncio da escuridão está me estrangulando
Não há nenhuma respiração aqui,a terra não está brilhando
Dor justa e eu,
Minhas mãos estão sangrando, sinto falta do seu toque,
Eu sinto falto do seu amor
Eu sinto falta de você
Eu ando entre as sepulturas
A lua,o velho mármore da morte
Flores desvanecidas, vento vazio dentro de minha alma
Meu coração chora lágrimas de sangue...

Vampiria

domingo, novembro 26, 2006

Desisto, só por hoje

Só por hoje vou falar de mim por mim,
Só desta vez vou contar está angústia sem fim,
E agora no novo mundo esbravejo um grito de dor,
E fujo...instintivamente como a caça do caçador;


Fujo inconscientemente de um velho amigo,
Que há poucos se tornou meu novo inimigo,
Mas ele demostra-se na forma encantadora,
E só depois de íntimo, na forma destruidora;

Aos meus olhos só há uma saída :
Fugir enquanto há vida,
Fugir enquanto não há ferida;

Em virtude sou fraco, e desisto ao apenas pensar,
Acredito na essência pura da forma de amar,
E só por hoje resolvi desistir desta forma buscar.

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(Adriano Caetano)

quinta-feira, novembro 23, 2006

Quero

Quero ser um raio para romper a terra,
um mendigo para vasculhar o lixo.
Quero ser um Deus para cuidar de todos,
morrer e voltar a nascer.
Quero ser uma arvore, ficar imóvel,
não quero ser nada, mas por vezes quero ser tudo.
Quero viver, respirar, sentir, momentos, olhar,
ver harmonia, compaixão e respeito.
Ouvir coisas simples, banais, historias reais,
beber a vida, mas partilha-la.
Quero lembrar-me de tudo o que ouvi,
sentir tudo o que escrevi.
Quero enganar a morte quando ela vier,
sabendo que virá um dia.
Quero que as almas vivam de verdade,
ser imortal ao lado de quem amo.
Quero rir todos os dias,
sabendo que por vezes vou chorar.
Quero ver o dia a nascer,
sentir-me vivo.
Quero tocar no céu,
observar a lua.
Quero voar com os pensamentos,
enrolar-me nas suas palavras.
Não quero defender nem atacar,
apenas conversar, aprender e ensinar.
Quero mostrar quem sou, sem receios, nem defesas,
olhar nos olhos e ver a pureza da alma que às vezes se esconde.
Quero ajudar sem pedir ajuda,
mas quando estender o braço ter uma mão para agarrar.
Quero ver-te por dentro meu amor,
e saber que me vês também.
Quero sentir frio e calor, cheirar o que o vento trás,
conhecer o mundo e beber as suas culturas.
Quero tanta coisa, mas há muitas que não quero…

terça-feira, novembro 21, 2006

System of a Down

domingo, novembro 19, 2006

conselhos de Atisha

Ao permanecerem num local isolado, subjuguem-se. Tenham poucos desejos e estejam contentes. Não se deleitem em seu próprio conhecimento, nem procurem as falhas dos outros. Não sejam covardes ou ansiosos. Sejam de boa vontade e sem preconceitos. Concentrem-se no Dharma ao se distraírem pelas coisas erradas.


Sejam humildes e, se forem derrotados, aceitem isso graciosamente. Abandonem a ostentação; renunciem ao desejo. Sempre gerem uma mente compassiva. O que quer façam, façam-no moderadamente. Sejam facilmente contentáveis e facilmente sustentáveis. Corram como um animal selvagem do que quer que possa aprisioná-los.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Lindo!!

quarta-feira, novembro 15, 2006

Citação

"No fundo o que é um maluco? É qualquer coisa de diferente, um marginal, uma pessoa que não produz imediatamente. Há muitas formas de a sociedade lidar com estes marginais. Ou é engoli-los, transformá-los em artistas, em profetas, em arautos de uma nova civilização, ou então vomitá-los em hospitais psiquiátricos."

(António Lobo Antunes)

terça-feira, novembro 14, 2006

Vampiro

Foi naquela ruela estreita que vi a sombra
ela estava misteriosa e frágil
eu sentia-lhe o cheiro a sangue
um cheiro delicioso e sensivel
queria caça-la naquela noite
andava sedento de sangue
aquela sombra desafiava-me
estava inquieto e nervoso
aquela ruela cheia de cadaveres fazia-me vomitar
corpos e corpos, para todos os gostos
mas era sangue morto, frio...
os vampiros gostam da sopa quente
a fumegar de dor e prazer
sentia que mais alguem queria a minha presa
este silêncio apela à concentração
quero saciar a minha sede
basta um copo daquele nectar precioso
e o dia continua pela noite.

Figuras

Estou farto de ti.
pelas tuas inseguranças,
por não acreditares em mim,
por seres tão complicada,
por achares que tens toda a razão,
porque nunca dás o braço a torcer,
porque queres sempre controlar tudo.
estou farto de ti porque ainda te amo,
estou farto de sofrer, por ti. por mim.
estou farto que duvides de mim
e quando alguem te diz alguma coisa acreditas logo.
mas não acreditas, nem confias em mim,
e quem não acredita e não confia, não ama,
mas eu ainda acredito em ti,
apesar de estar farto de confusões,
confusões que deixaste entrar pelas nossas vidas dentro,
e eu tambem não as soube travar,
estou farto de tudo e de nada.
Só quero ver o mar calmo.

Saudades

Quando era uma criança, era feliz e tinha sonhos, queria ser piloto de aviões, ou jogador de futebol, jeito para jogar futebol nunca me faltou, agora pilotar aviões não sei no que iria dar.
Tive uma infância feliz, apesar de algumas adversidades, lembro-me de andar de bicicleta com o meu pai, de chegar completamente sujo a casa, e ouvir um grande raspanete da minha mãe, de estar com o meus amiguinhos, havia a felicidade de meninos ingénuos. Lembro-me de duas tragédias que levaram para a morte dois amigos meus, a vida não lhes quis ensinar mais nada.
Por volta dos meus 12 anos comecei a aventurar-me pelos pinhais que sempre me abraçaram, e mais os meus 3 aventureiros, o Artur, o João, o Gilberto, depois mais tarde apareceu o Pedro mais conhecido por “índio”, e que índio…nas férias saímos de casa depois de almoço, e íamos ver os pássaros, as arvores, os bichos do mato, foi uma fase que moldou muito a minha infância, e eu fui uma criança feliz, apesar de o meu pai ser assim desde que me lembro, sempre o amei muito, porque é o meu pai, e há momentos que ele me deu coisas boas, poucas, mas que mais nenhum pai podia ter dado, senti-me muitas vezes mal pelas historias dele, mas ele nunca teve culpa, as pessoas não percebem, mas eu percebo pai, não penses que não, eu sei que perdeste os teus pais de uma forma trágica quando eras muito novinho, e eras o filho mais novo, e que adoravas os teus pais, os meus avós que eu nunca me lembro de os ter conhecido, mas que tu dizes que foi com eles que dei os meus primeiros passos, e fica sabendo que eu amo os meus avós, os teus pais, e também te amo a ti pai, por que eu fui e sempre serei o teu Paulito.
As saudades que tenho do meu avô, da parte da minha mãe, o meu avô era um homem de poucas palavras, mas havia qualquer coisa em ti avô, sei lá…tu quase não falavas com ninguém, mas comigo era diferente, nós falávamos muito, tu ensinavas-me coisas, sobre a terra, plantas, com fazer uma pequena horta, ainda me lembro da tua barba a arranhar-me a cara avozinho querido, e eu gostava, porque sentia-te, adorava a forma como gaguejavas, e quando ia contigo ao café, sentia-me tão seguro contigo, tenho muitas saudades tuas avozinho, mas tu sabes que eu sinto-te muitas vezes, não sei se és mesmo tu, ou se sou eu a querer-te perto de mim, mas sinto-te e isso já me aconchega o coração. Lembras-te avozinho quando o meu irmão quis que tu fizesses uma festa aquele cão, eu disse-te para não fazeres porque sabia que o cão ia morder-te, mas o meu irmão insistiu, e tu com a tua calma, simpatia e com todo o amor fizeste uma festinha ao cão e ele mordeu-te, fiquei tão preocupado, mas tu com um sorriso disseste que não fazia mal, que era só uma mordida, que passava, dava tudo da minha vida para estar apenas cinco minutos contigo, para ouvir a tua voz, as tuas palavras com um leve gaguejar, não me importava de morrer a seguir, mas morria cheio de amor, do teu amor.
Sabes avô eu também irei para o sitio onde estas, guarda um lugarzinho para mim, para eu ficar ao teu lado, a sentir o teu cheirinho, o teu amor.
A minha avó era uma mulher mais fria, pelo menos parecia-me a mim, mas era só uma mascara que ela metia, e sempre senti que ela gostava mais dos meus primos do que de mim, não sei...era mais distante dela, ao contrario do que contigo avozinho, a minha avó que eu me lembre nunca me fez uma carinho, e o dinheiro não paga carinhos, mas eu amo-te muito avó, quero que saibas isso, e ás vezes olho para as tuas fotos e penso na grande mulher que tu eras, e eras mesmo…
O meu primo Pedro, eheheheh, que grande brincadeiras nós tínhamos quando nos encontrávamos em casa dos avós, apanhávamos rãs, e tu és doido Pedro, metias-te a fazer autopsias aos pobres bichinhos, também assumo as minhas culpas porque também fiz algumas, mas era cruel primo. O meu irmão como era o mais velho ficava sempre com os meus tios nestes fins-de-semana em casa dos meus avós, ficávamos apenas nos quatro, eu o Pedro, a Susana (sempre foste a minha priminha favorita) e a Vera que era a mais noviça, entravamos os quatro em aventuras no campo, que saudades eu tenho desses tempos.
A minha prima Susana era a minha protegida, ela é 2 anos mais nova que eu, e é linda em todos os aspectos, que belos momentos eu passei com aquela miúda, as piadas que ela contava e que eu também contava e ficávamos os dois a rir feitos malucos, ás vezes o pessoal que estava ao nosso lado nem percebia, ihih…mas nós riamos na mesmo, eu sei que tu sentias uma grande admiração por mim priminha, e fica sabendo que eu também te admirava muito, és linda em todos os aspectos, mas nós crescemos, e alguma da magia desaparece com a idade.
O que sou hoje devo a vocês todos, e gosto do que sou hoje, fica muito mais para escrever e para contar, mas irei escrever mais sobre as alegrias e tristezas do meu passado, presente e futuro. A todas as boas pessoas que passaram na minha vida um grande obrigado, e ás más pessoas também porque ensinaram-me que eu não queria ser assim como elas.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Voar

Meu grito é mudo, apenas os lobos ouvem,
só eles conhecem quem sou.
Sinto que ninguem me conhece,
tal como eu me conheço.
Tento libertar-me, não consigo,
estou preso à minha alma.
Quero outro corpo!
Quero outra alma!
Quero viver outra vida!
Uma vida de lobo, ao sabor do tempo e do vento.
Quero voar, alguem roubou-me as asas.
Eu preciso das minhas asas, devolvam-mas.
Sem elas sou uma larva,
Fico à espera que elas cresçam novamente.
Mas o que faço? Se não voar, fico aqui preso.
A solidão que não me chega,
vai chegar um dia...
Ao menos se não matassem a minha loba...
Preciso dela para as minhas viagens.
Sinto-me só, e sem asas.
Preso nesta escuridão vadia.
Podia viagar para tantos lugares,
ver a magia, o esplendor, e contemplar-me.
Podia ser muito, podia ser pouco, mas sinto-me nada.
Este tik-tak que oiço está a deixar-me louco.
A contagem não para, e eu quero tanto voar!...Contigo.
O meu coração bate ao ritmo dos segundos,
quantas batidas me faltam?
Voltarei a ter tempo? Eu quero, mas...
Eu quero ser tudo e nada.
Quero correr, e olhar para ceu.
Apenas quero voar.

O poema

Acendo um cigarro, bebo um copo de vinho
sentado no sofá em frente à lareira
leio poemas esquecidos cobertos de pó
enquanto a minha mente divaga e penso em ti
recordo todos os segredos do teu corpo
nossa primeira noite de amor, intensa onde tu e eu éramos um só
como um sol, uma lua, uma estrela
sinto agora o toque suave das tuas mãos acariciando o meu corpo
os teus beijos quentes e languidos
teus abraços macios a envolver-me de paixão
e entrego-me na totalidade como se o mundo não tivesse amanha
como o vinho se mistura no meu sangue
e o fogo crepita na lareira
como a chama do nosso amor que arde e não se vê
apenas nós a sentimos mesmo quando estamos separados
mas o meu amor não vacila como o vinho se acaba…
o cigarro apaga-se, o fogo perde a intensidade,
mas o meu amor por ti cada dia é mais intenso e profundo
este poema é para ti, guarda-o no teu coração
porque eu a ti já te guardei no meu.
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(Escrito por mim e por uma pessoa muito especial)